“Eu Resgatei”: A história de um resgate feito por Fernanda Arantes

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Cães soltos pelo condomínio: a triste realidade do abandono

Era domingo, 20 de agosto de 2017, estava passando por um terreno baldio ao lado de um centro comercial do condomínio onde moro, quando vi dois cães lá dentro soltos, um branquinho e outra pretinha.

Não sabia se eram cães abandonados ou de rua. Tirei uma foto, postei no grupo de Facebook exclusivo para moradores. A postagem teve 22 curtidas e 65 comentários, entre eles um que dizia que “um grupo para ajudar os cães deveria ser formado, pois sozinho ninguém podia arcar”.

Nove moradores se prontificaram em ajudar. Mas os cães não foram mais vistos…

No dia primeiro de setembro, soube que um deles, o branquinho, havia sido atropelado. Uma protetora de animais o socorreu e levou para um clínica. Mas, e a outra? O que aconteceu com a pretinha?

O Resgate: Como tudo começou

É aí que entra em cena a Fernanda Arantes.

Ela também tinha visto uma cadela pretinha nos arredores do condomínio. As vezes eram dois cachorros, as vezes era um só. Soltos, na porta do colégio, na chuva, na rua. Constantemente eles dormiam nesse terreno baldio. Isso era um incomodo para Fernanda.

Fernanda e sua família canina

A noite, quando chegava do trabalho Fernanda deixava ração para a cachorra pretinha, numa praça próxima ao ponto final do ônibus. Percebeu que havia outros potes, mais pessoas estavam ajudando, com ração ou água. A cachorra ficava esperando por ela quase todos os dias. Pois sabia que seria alimentada. Por mais de um mês Fernanda viveu essa situação.

Ela participa de alguns grupos pelo WhatsApp que ajuda outros cachorros, como o grupo do “Parcão”. Ela sempre contribuiu de alguma forma. Mas quando disse que queria ajuda para resgatar os cães, não sentiu que tivesse o apoio das outras pessoas.

Não era uma questão de não se importar com eles ou não querer ajudar, existe uma crise financeira, e também uma questão recorrente: “Muitas pessoas deixam os cães por aqui porque sabem que tem gente que ajuda, o Serginho da Dog’s House tem animais hospedados que são apadrinhados por moradores. São muitos, as pessoas não dão conta”, diz ela.

O Resgate: a corrente do bem que se formou

Foi com o apoio do Vinícius Silveira e da Cláudia Abreu Campos, jornalista, empresária que tem uma agência de comunicação, e membro há sete anos da ONG Focinhos de Luz, que ela decidiu agir.

Cláudia pagou pelo resgate feito por Tony Resgate, e com o apoio da ONG conseguiu descontos para exames. Ela não prometeu ajuda para adoção dos cães, mas foi importante na situação porque tem muita experiência com resgates de cães. E ainda conseguiu uma pessoa para adotar o Eloy.

No geral forma quase 20 pessoas que ajudaram, umas deram dinheiro para comprar remédios, bancar consultas e exames. Foram várias formas de ajuda.

Eu colaborei com dinheiro para abater os gastos, comprando remédios na pet shop, doando a roupa cirúrgica (usada após a castração), e depois comprando ração para filhotes.

Fernanda recebeu muitas doações em casa também.

Uma pessoa de um grupo de WhatsApp tinha amizade com a dona de uma pet shop que deu descontos nos remédios. As pessoas compraram e mandavam os medicamentos serem entregues na casa de Fernanda.

O Resgate: como tudo se deu

Fernanda fritou uns bifes para pôr nas gaiolas para atrair o cão, Tony tem experiência com isso, usa gaiolas para resgatar animais.

Fernanda, sua filha e Tony foram surpreendidos pela presença de dois cães, um macho e uma fêmea. Que logo ganharam os nomes de Eloy e Estela, todos foram resgatados.

Levados para a Dog House do Serginho, ganharam os primeiros cuidados. Um banho dado por uma pessoa contratada pra isso, aplicação de antipulgas, e uma consulta com o Dr Roberto Teixeira (Univet), que sempre faz um preço diferenciado nesses casos.

As pessoas não tem confiança para dar dinheiro, mas o grupo do “Parcão”, no WhatsApp, pagou todo o tratamento para a doença do carrapato, inclusive ele teve que refazer o tratamento. Uma doença horrorosa, muito perigosa.

O Resgate: As surpresas

A primeira surpresa é que eram dois, ela acreditava que era um cão para resgatar. Um segurança chegou a falar sobre dois cães soltos no condomínio, mas ela achava que era só um.

Logo em seguida a descoberta da gravidez da Estela. No exame de ultrassonografia, pago com desconto, veio a confirmação: eram 6 filhotes.

Assim, além de ter que conseguir um lar para cada cão resgatado, Estela e Eloy, ela ainda teria que lidar com os filhotes que iam nascer em breve.

O Resgate: que fim levou cada cão

Com a ajuda da Cláudia Abreu Campos, o cão Eloy foi adotado por Thereza Guimarães, administradora da empresa MH Acessórios, e mora próximo de Fernanda.

Sua atual tutora já tinha uma cachorra adotada antes, na Focinhos de Luz, a Catita.

Eloy deu muita sorte, já era adulto. Tinha o histórico de doença de carrapato, já tratado. Ele é muito alegre, está feliz com a nova família.

Estela ainda está hospedada na Dog’s House, é um custo fixo, pago até hoje. Ela é tristonha, deve ter sofrido maus tratos. Não aceita coleira. Morre de medo de vassouras. Está na faixa de 4 a 5 anos de idade, segundo o veterinário que a atendeu. Será difícil conseguir adoção para ela. Uma pena!

Antes de serem colocados para a adoção, Eloy e Estela foram castrados.

O Resgate: filhotes adotados

Estela teve os filhotes na casa do Serginho. Eles nasceram no dia 1º de novembro. Embora o ideal fosse que eles ficassem com a mãe por 45 dias ou mais, na vida real, no meio do desespero de ter que lidar com mais essa preocupação, eles foram doados com 30 dias de nascidos.

Para ajudar na adoção dos filhotes o fotógrafo Jayme Rocha, através de sua página no Facebook, Celebridade Pet,  fez um ensaio fotográfico. Foram 47 fotos dos filhotes e de Estela, com a seguinte frase: “Pessoas simples se mobilizaram para retirar dois cães das ruas, a fêmea estava grávida. Aqui seus filhotes – são 6 – em breve para adoção, e também a mãezinha, a linda Estela”

No dia seguinte da publicação, todos foram adotados.

Infelizmente dois filhotes morreram na nova casa, segundo a adotante, eles foram envenenados.

Os outros quatro ficaram assim:

  • Uma mora na zona sul do Rio, no bairro do Leblon – a Tequila
  • Uma ficou com Fernanda – a Sol
  • Um foi morar num sítio
  • Um não se tem notícias, espera-se que esteja bem e com saúde.

O Resgate: o Apoio familiar

A família deu total apoio, os filhos abraçaram a causa, já o marido aceitou, mas com restrições.

Sol adora todos na casa, existem umas limitações, um portão do terraço para o restante da residência.

Fernanda, que já acordava cedo todos os dias, passou acordar mais cedo ainda para levar as duas no parque para passear. Sempre juntas. São trinta minutos de brincadeiras – Sol com seu coco verde, e Lua com seus balões de festas. Sol é uma alegria só. A família está completa e feliz. 

O Resgate: o Aprendizado

Fernanda aprendeu que nunca é 100% do que se gostaria que fosse um resgate bem sucedido. Entendeu que é preciso mais cuidado para a escolha do adotante. Estava desesperada com as despesas que teria para manter os filhotes na hospedagem. Queria que fossem adotados logo.

Ela ficou assustada, se sentiu sozinha apesar de ter ajuda de várias pessoas. Esperava mais, foi sua primeira experiência com resgate, embora já vinha ajudando nos grupos de resgates.

Estela é como se fosse responsabilidade dela. Fernanda banca o abrigo e mais a metade da ração. Conta com a ajuda de algumas pessoas para a outra metade, mas não é todo mês.

Fernanda tem uma West Highland White Terrier – Lua. Além da Sol, filhote de Estela, que ela adotou. Estela é como se fosse o seu terceiro cão, só que não mora com ela.

No final das contas a sensação foi de decepção. Teve ajuda no início, mas não foi como esperava. Pode ter sido por causa da crise financeira pela qual o país passa.

Mas foi uma experiência e tanto, até mesmo para os filhos. Foi bacana!

Sempre que pode ela ajuda com os grupos. Afinal com um pouco de cada um, se resolvem as coisas. Ninguém vai ficar mais pobre por ajudar. O coração se enche de alegria por fazer o bem a um animal!

E se você tem uma história de resgate ou adoção para contar, envie uma mensagem para acaosocial@organizarcao.com.br com o titulo da mensagem “Eu Resgatei” ou “Eu Adotei“.

Será uma alegria contar sua história por aqui. Vamos adorar conhecer mais um elo da corrente do bem pelo cão. Venha participar!

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