Eu a sigo por todos os cantos da casa, até mesmo no banheiro, não me importo com isso, o que eu mais amo é ficar perto dela. Ela diz que sou um lorde, que tenho muita classe e estilo, um andar elegante com meu rabo para o alto. Meu pelo é muito macio, e nunca foi tosado. Mesmo assim gosto ser escovado, e me derreto todo. Adoro um colo, ficar sentado grudadinho com ela no sofá, ou com qualquer pessoa que goste de mim.
Sou bem esperto: sei a diferença quando minha mamãe se troca para sair de casa, para ir dormir, se vai receber alguém em casa. E, dependendo da situação, meu comportamento muda, posso ficar bem tranquilo, “Ok, ela vai sair”, ou ficar preocupado, “Vai chegar alguém”.
Tenho lá meus defeitinhos, mas quem não tem, né?
Sou medroso, ciumento, estranho outros cães, adoro latir por qualquer coisa, faço um escândalo para sair de casa, não sou chegado a homens com farda ou uniforme. Detesto escovar dentes, mas não sou difícil para tomar remédio em comprimidos, já com os líquidos dou mais trabalho.
Minha mamãe costuma dizer que tenho um “ouvido de tuberculoso” e uma “memória de elefante”. Ouvido de tuberculoso é uma expressão popular para exemplificar quando uma pessoa escuta muito bem, e eu sou assim, estou sempre latindo para qualquer ruído, seja uma pessoa saindo ou voltando para casa, passos no corredor, um funcionário varrendo ou limpando o chão. Se falarem então, já era, começo a latir muito, muito mesmo. Sou o “terror” dos faxineiros. Afinal, sou um cachorro!
O guardião da casa
Tocou o interfone? Já era! Vai subir alguém, e se tiver um barulho no corredor, eu não tenho dúvidas: é ela que vai entrar pela porta adentro. Só que nem sempre é uma visita ou um entregador, pode ser apenas um recado do porteiro. Não importa. Tocou? Tô latindo.
Agora, se a pessoa de fato subiu, entrou e andou pela casa, digamos que, para prestar um serviço em algum cômodo, depois que ela se vai, eu faço um rastreio pelo chão e, conforme sinto o cheiro de que por ali aquela pessoa passou, a minha “memória de elefante” me faz latir como se ali ainda estivesse algum “intruso”. Mesmo que o entregador nem passe da porta da sala, vai ouvir os meus latidos até chegar na porta do elevador.
Mas sou “gente boa”, curto pegar um sol na varanda, mesmo que esteja um calor de verão. Não dou trabalho na hora do banho, fico quietinho na caixa de transporte quando viajo de carro. Falando em viagem, eu já fui para Belém do Pará, Visconde de Mauá, Rio das Ostras e Petrópolis-RJ e Brasília-DF. Aprendi alguns comandos, sou obediente de vez em quando, uso sapatilha de boa para passear, nunca fui de ficar pegando o que não é meu, gosto de brincar sempre com a mesma bola, mas não gosto de brinquedos com apito. Gosto de brincar com a Pucca, correr atrás dela.
Depois que uma visita fica um certo tempo aqui em casa, eu até chego perto dela, deixo fazer carinho, sento junto.Eu sei quando gostam de mim. Tenho essa sensibilidade.
Para cada situação tem um petisco certo!
Duas vezes por semana vem uma moça aqui ajudar a manter a casa limpa dos meus pelos, o nome dela é Joanice, quando eu cheguei na família, ela já estava aqui. Ou seja, eu conheço ela desde que me entendo por cachorro. Toda vez que ela entra, eu lato muito, mas depois de um tempo fico pedindo carinho pra ela. Tenho muita confiança nela, quando mamãe não está, é ela que cuida de mim. Um dia eu fiz cocô no lugar certo, aprendi a ganhar um petisco por isso. Então a Joanice me deu um palitinho, que não aceitei. Não era o petisco certo. Aí ela pegou o biscoito, peguei e saí correndo para comer. A partir daí ela entendeu que para cada situação tem o petisco certo!
Sou muito tradicional: o meu pote de ração é o mesmo desde que cheguei; o meu brinquedo preferido é usado até acabar; demorei também para aceitar a nova cama. Enfim, não sou muito adepto de mudanças.
Um modelo de cão
Sou ótimo para tirar fotos. Fico quietinho, olho para câmera, já fiz até ensaios fotográficos.
Enfim, sou um modelo nato, um príncipe, charmoso e elegante. Quem me vê na rua, não sei porque, quer me tocar, falar comigo, mas é claro que não vejo isso com bons olhos, afinal eu só quero passear e exibir minha beleza por aí.
A propósito, sou castrado, por isso nem vem que não tem, comigo não vai rolar uma paquera, sinto muito querida.
Um cão Gourmet
Não é qualquer fruta, legumes ou verduras que eu como, sou bem exigente, um típico “cão gourmet”. Primeiro eu farejo para ver se vale a pena provar. Se não gostar do cheiro, saio de perto. Agora, o que me faz perder a cabeça é uma alface americana! Eu pulo, eu choro, eu peço, eu amo o talo da alface.
Quando cheguei aqui, estava magro, com sarna no ouvido e com pulgas. Mamãe achava que eu era de raça, mas foi enganada pelo moço que me trouxe para cá de carro.
Mas isso não foi motivo para ela não me amar. Me sinto muito amado, querido e bem cuidado, não só por ela, mas por meu papai também. Ela vai contar com mais detalhes essa triste história, mas com final feliz. Afinal, olha eu aqui falando com você.
Obrigado por me aceitar como eu sou, e seja bem-vinda ao blog.